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sábado, 6 de agosto de 2016

Avenida Sachet


Nesse outro cartão postal, também da Agencia Pernambucana, aparece parte de uma outra avenida que foi também, por volta de 1905, arborizada com as frondosas mungubeiras.

Nessa foto, também por volta de 1927, a linha de bonde tinha aqui, na Av Sachet(hoje Duque de Caxias), o mesmo traçado inaugurado ainda em 1911.
Até 1928 os bondes que vinham pela Avenida Sachet, vindos da praça Augusto Severo, entravam na Tavares de Lyra e seguiam até dobrar na Rua Frei Miguelinho. Daí seguiam pelas ruas Silva Jardim, Comercio(hoje Chile), até entrarem novamente pela Avenida Tavares de Lyra. Desse ponto, fazendo o percurso de volta, chegavam novamente na Sachet.
 
No fim do primeiro período de administração municipal do eng. Omar O'Grady, das muitas obras de melhoramentos realizadas na cidade, algumas delas aconteceram aqui, no bairro da Ribeira.

Aqui na Avenida Sachet foi feita, em 1928, a elevação do "Grade"(ajudando no nivelamento da via) e, em seguida, calçamento em paralelepípedo em toda extensão da avenida.  Outra mudança foi no percurso da linha de bonde que, agora, deixava de entrar pela Tavares de Lyra. A partir daí os bondes que vinham da praça seguiam pela Sachet até alcançar a Rua Silva Jardim. Na Rua Frei Miguelinho o bonde, agora fazendo o percurso inverso, voltava até chegar na Tavares de Lyra e em seguida novamente pela Avenida Sachet.
Outra mudança no cenário, dessa vez desnecessária, foi a derrubada de todas as mungubeiras que enfeitavam esse trecho de avenida.
A mesma coisa aconteceu na Avenida Rio Branco, tendo sido as velhas árvores de ramagem  espessa substituídas pelas figueiras  benjaminas.
Várias foram as desculpas para a morte das mungubeiras. De raiz destruidora, diziam que ela não conviveria em paz com o calçamento. A ideia era calçar a cidade e posteriormente arborizá-la, novamente.
Disseram também que a árvore provocava, com a queda da folhagem, aumento dos gastos com a limpeza urbana, pois em certa época do ano, caindo sobre o calçamento e nos passeios mais próximos, obrigava a Intendência a aumentar o número de varredores, provocando prejuízo no erário municipal.
Alegou-se ainda a inconveniência do tamanho dos frutos, que bem podiam cair sobre a cabeça de algum transeunte incauto e abrir-lhe no crânio alguma brecha.

Em 04 de setembro de 1926 um nota escrita no jornal A Republica dizia:
"Um  sopro  renovador passou  sobre  a  cidade  que  parecia cochilar   eternamente   á   sombra   aldeã   de   suas   mungubeiras   frondosas   e   tristes” 

Quase 20 depois, em 01 de julho de 1943, Eloy de Souza, em uma nota no jornal A Republica escreveu.

"Respeitar esse passado não é desprestigiar o fícus-benjamin, sucessor único, ao que parece das frondas um tanto selvagens, mas, por isso mesmo, bem mais majestosas, das nossas velhas mungubeiras. Sabe-se que esse exemplar da flora amazônica não tem plasticidade para ser transformado pela tesoura do jardineiro em animais e objetos vários. Nenhum desses mágicos, por maior que fosse a sua habilidade, poderia reduzir uma mungubeira à condição de um elefante ou banco de jardim suburbano, como é possível fazer com o domesticável fícus."

O fim dessa história é que a mungubeira perdeu.
Segundo ainda Eloy de Souza, ela perdeu para a monotonia do fícus Benjamin, que tem, sem contestação, beleza natural, mas não tem a galhardia da sumaúma amazônica.

Fotógrafo: Não informado
Ano: Por volta de 1927

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